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Acupe - Pau de Bosta

Pau de Bosta


Uma expressão que nasceu de uma brincadeira. Quem nunca ouviu no Recôncavo a expressão: "Não vá que é pau de bosta." O poder de criatividade de jovens de comunidades do Recôncavo Baiano é surpreendente, nos tempos em que pouco se tinha para brincar, no Acupe sempre aparecia alguma novidade, a exemplo do "nego fugido" e da "careta", brincava-se também, de "pau de bosta", ninguém sabe como e onde começou, o que se sabe é que a brincadeira se espalhou por todo o Recôncavo Baiano inclusive até em Salvador.

A brincadeira consiste em um bando de moleques em envolver um menino, de preferencia, alguém que não conheça, ou até alguém que conheça, mas é distraído. Simula-se uma briga entre dois moleques, onde um dos moleques se defende e faz ameaças ao outro com um pedaço de pau. Quando se percebe que "a vitima" esta com a atenção voltada para a brincadeira, ai então é chegada a hora de envolvê-lo. O moleque que esta desarmado argumenta:
-Covarde você só quer brigar de pau na mão, jogue o pau no chão!


O outro moleque então responde:

-Se eu jogar o pau no chão você pega!


O moleque que esta desarmado tem uma ideia;

-Dê o pau pra esse menino ai segurar e venha logo cair na porrada!

O outro moleque então não perde tempo e diz:

-Segure aqui "fio"!

É quando o menino então envolvido pela brincadeira segura na outra extremidade do pau e descobre que acabou de pegar no "pau de bosta". Com a mão suja o menino então vira motivo de gozação, os outros moleques começam a dar gritos e risadas escandalosas para chamar a atenção de outras pessoas, uma verdadeira "molequeira" assim chamada e festejam com deboche o êxito dessa brincadeira humilhante.

-É pau de bosta, não pegue que é pau de bosta!

Ouvi aquela mãe aflita alertando o seu filho para o perigo que o rondava, mas ele já estava coitado, envolvido pela brincadeira, do mesmo jeito que o jovem se envolve com as drogas e com outras armadilhas que a vida oferece. O moleque lhe pede:

-Segure aqui, segure aqui "fio"!

Ouvi então o menino dizer:

-"Peraê mainha"!
E numa velocidade invejavel, segurou na extremidade suja de fezes e confirmou:

É pau de bosta mainha!
Ouvir então aquele moleque, que agora ao lado dos outros, se retorcendo em cólicas de gargalhadas e festejando de maneira debochada o desfecho de tal brincadeira, o comentário.
-Vai lavar a mão "oreba", vai "ótario"!

A mãe vencida e sem mais nada a fazer, conclui:

-"Toma nego", quem não ouve cuidado, ouve coitado!


Obra protegida por direitos autorais.


Referencias:
  • Espedito Argôlo

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