Acupe - A Mansão do Diabo | O Bom Do Acupe | Santo Amaro BA

A Mansão do Diabo
Casa de cultura do Acupe

Na década de 1960, era uma época de superstições para a população de Acupe, que ao vê um cruzamento de uma avenida benzia-se três vezes dizendo baixinho:

-Deus com jura.

Não se passava embaixo de escada e caso ocorresse retornava de costas pelo mesmo percurso, dizendo:

- Ave Maria!
Se um gato preto atravessasse em sua frente, num dia de sexta-feira era praga de madrinha, de pai e de mãe com atraso de sete anos de azar. Na quaresma, meu Deus abstinência total de sexo! Músicas nem cantarolar, violas, violões e demais eram retiradas as cordas, e ficavam guardados a sete chaves, os santos católicos nos templos, oratórios e residências permaneciam cobertos por pano roxo com benção, rezas e respeito total.
Neste ambiente, surge numa certa manhã um pequeno cochicho, de compadre a compadre, como todos são conhecidos em comunidades pequenas, de compadre a compadre, a noitinha todos estavam assombrados acedendo velas, comentando e orando por compaixão da alma de certo senhor, que teria feito um pacto com o Diabo.

Muitos ao passarem pela porta do "dito cujo", nem olhavam para a residência e apressavam os passos. Outros preferiam fazer um percurso maior, de jeito algum passavam na porta ou rua do infortuno.

A cada dia surgiam estórias de testemunhas a assombrar o povo.
-É minha gente, o saveiro que iria a Baía (Salvador) estava muito carregado e nem a maré alta deu calha, para o mesmo como ' o home' queria ir à capital com urgência, de repente ficou como possuído, gritando loucamente: - Este vai ao mar. E agora pelas forças da treva. Simplesmente tocou na embarcação, e o saveiro já estava com as velas içadas e o vento mudara até de direção, coisa do Demo eu vi com esses olhos que a terra a de comer.
Outros comentavam:
-Fui à casa do "dito cujo", (na sua ausência) visitar a minha comadre, sai assombrado, no quarto escuro tinha um caixão preto e muitas velas acesas. Foram centenas de casos relatados: - Que o "home" estava enriquecendo rápido com o pacto de sangue.
Ele logo era caixeiro viajante, de um grande empresário, tinha imóveis, salina, saveiro e viveiros de peixes. Sua roda social se ampliara, ele só recebia visitas de advogados e juízes. O povo falava que a historia do caixão era verdade, pois meia-noite alguém vira chegar uma embarcação sinistra ao cais com as luzes apagadas, e que muitos homens transportaram um caixão para a mansão do cidadão. Sabe-se que depois disso passou a não permitir visitas em sua casa e mantinha cerradas as portas e janelas. Se recolhendo cedo e conversavam sempre em voz baixa.

Passaram-se os anos com aquela interrogação, porém ao adoecer começa a circular entre algumas pessoas, que na verdade o Diabo e o pacto tratavam-se de um líder revolucionário, e ex-governador de Pernambuco que estivera no período da revolução, escondido na mansão, e aquela estória servia para afastar os curiosos, além de garantir a privacidade da ariscada missão de tal empreitada.



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