Acupe - O Contador de Cocos | O Bom Do Acupe | Santo Amaro BA



O Contador de Cocos

Certa noite, alguns pescadores ex-escravos do engenho Acupe Velho dirigiram-se ao porto para pescar, era uma sexta-feira e o relógio batia meia-noite. Ao chegarem ao cais, notaram que eram os únicos que estavam atrasados, entraram na canoa e começaram a remar.

Quando chegaram no porto de baixo, dobraram a esquerda do canal, e ao final, quando contornaram para a direita, começaram a navegar próximo as ruinas e terras da sede do engenho onde se encontrava o antigo cais, o velho casarão colonial, o cemitério e as ruinas da igreja centenária.

Coqueiral no antigo engelho Acupe Velho.
Os pescadores evitaram demonstrar medo, mas as árvores e ruinas pareciam ter milhares de olhos àquela hora da noite, as histórias de fantasmas, gritos, gemidos, etc., mexiam com o imaginário. Der repente uma brisa fria, e começaram a sentir calafrios ao ouvirem uma voz gélida:
- Um coco, dois cocos, três cocos, quatro cocos...
Continuando a contagem sem fim. Os pescadores ficaram assustados e evitavam olhar para a fazenda. Porém, o mestre da rede capoeirista e valentão disse que não tinha medo de nada, caçoando (zombando) dos demais.

Começou a remar em direção ao cais do engenho e saltou, Embrenhou-se no sítio querendo saber quem era o corajoso que estava contando os cocos à aquela hora. Pasmos, os companheiros ficaram na canoa sem darem uma palavra ou piscarem. Der repente o mestre capoeira retorna numa grande correria, levando tudo o que encontrava na frente e com os olhos esbugalhados ordenando:
- Remem companheiros, o fantasma do velho barão é quem está contando os cocos, pedindo para ser perdoado, que sua penitência chegue ao fim para poder descansar em paz.
Então desistiram da pescaria e voltaram ao porto. Ao descerem assombrados da canoa, relataram o fato a um senhor que lhes falou:
- Aquela é a maldição que os escravos colocaram no barão, pois era muito mesquinho e fazia caso de tudo, até os cocos da fazenda ele mandava contar todos os dias para que os escravos não usassem ou bebessem a água.
Então um dos escravos jogou uma praga, que ele contaria por toda a eternidade os cocos de suas fazendas quando morresse.

Obra protegida por direitos autorais.


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1 Comentário:

André Felipe Ribeiro Argôlo Comentou:

Incrível essa historia, não canso de ler e reler...

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